QUERÊNCIA - VERSIFICAÇÃO REGIONALISTA GAÚCHA
POESIA GAUCHESCA - Modo de expressão literária peculiar aos poetas nativistas do Rio Grande do Sul. Esta denominação abrange todas as formas de poesia, as quais, no entanto, no trato de temas rio-grandenses, adquirem características especiais. É também chamada "poesia gaúcha", poesia nativista do Rio Grande do Sul e "poesia crioula".
Os nossos maiores cultores eram da poesia não só em forma de soneto, de sextilhas e décimas, como em forma de quadras e quadrinhas, a que se tem denominado - poesia popular, (cabe dizer, da prosa poética e poema em prosa.). A poesia popular é tão simples quanto espontânea e expressiva. Este gênero de poesia é usado em todo o Brasil e também em outros países, em específico da "gauchesca": nas Repúblicas do Prata, aqui a variação fica por conta da Poesia Gaúcha a qual é caracterizada pelo estilo agauchado e classificam-na de 'largada' quando 'pucha' muito a esse estilo. ( Assuntos do Rio Grande do Sul, P.A., Of. da Escola de Engenharia, 1912 - João Cezibra Jacques.)
(...) Do que acima se dá balanço, pode-se ver, em ligeira amostra, a variedade de rítmo das composições dos poetas gauchescos, por que não pode ser escorraçada da invernada da poética gauchesca, nem a quadrinha nem o verso livre, por mais adeptos que sejamos do convencionalismo das sextilhas e do verso de sete sílabas, da décima ou da oitava. Nem podemos desprezar, sem flagrante injustiça o Soneto, a fórmula mais rebuscada em que já se versejou assuntos campeiros. O que importa aos amantes da poesia em todas suas formas, do gauchismo, é a exaltação do personagem e da sua obra, o conteúdo, a substância telurizante, o desdobramento da velha seiva lírica de que é o chimarrão, o verde sangue materializado. Seu individualismo gaúcho, fugindo a escolas mantendo seu penacho de monarquia. (Anais do I Congresso de Poetas Crioulos do R.G.S. - Imprensa Oficial, 1958)
QUERÊNCIA¹ ///@//ro ///@rti//s S@//tos
Querência, - quanto te quero - sem nenhum favor,
É palavra lindaça, sim de laço e traço meu senhor,
Irmã, sem rivalidade, da saudade que também é dor,
Quando ajuntadas, perfiladas é do mais puro amor.
Juntas, tropeiam nas canhadas da lembrança,
Visões nebulosas da gente boa, taita e generosa.
Eivada, de chegada a jeito, sempre de esperança
Palavra de ampla² que soa mui forte e poderosa.
Sempre parte de um pago como d'uma existência,
Tal e qual ou como fosse, macega de um banhado
Lembrança inclusa, encilhada em plena reminiscência.
Traz para este andejo, almas penadas do passado.
E solito este gaudério, matea nas noites enluaradas,
Que já lá vêm os pampas, silhuetas de um passado,
Negaceando, luto para expulsar as encruzilhadas
Mas de relancina surge a tapera do ontem malfadado.
Minha prenda, meu laço enrodilhado, minha querência,
Meu bagual ! No sono em pedaços os amo com ardor,
Quando falo "Querência", encho a boca com eloquência,
Saudade; cheia de pinha, onde cada pinhão é um amor.
QUERO - QUERO ///@//ro ///@rti//s S@//tos
Ave esperta de meu pago
Que a lembrança me apraz
Lembro quando criança o afago
De tudo, minha prenda...lá pra trás.
Tempo em que era pequenino,
Olhando os Quero-Queros eu via.
Assim me foi a idade: era menino;
Ô Deus! Se voltasse, que bom seria.
1, Querência - Lugar onde alguém nasceu, se criou ou se acostumou a viver, e ao qual procura voltar quando dele afastado. // Pátria, pagos, torrão. É vocábulo castelhano, contudo ultrapassou as fronteiras, para cá, e se erradicou no falar gaúcho. Por extensão a literatura o usa quando regionaliza o personagem, de Santa Catarina ao Rio Grande do Sul. Em português a existente é querênça, a meu ver menos sonora. Também a palavra se emprega à namorada (prenda, xina) ou ao seu amor.
2. De ampla - O mesmo que de amplitude, de largo, que atinge longe, envolvente.
POESIA GAUCHESCA - Modo de expressão literária peculiar aos poetas nativistas do Rio Grande do Sul. Esta denominação abrange todas as formas de poesia, as quais, no entanto, no trato de temas rio-grandenses, adquirem características especiais. É também chamada "poesia gaúcha", poesia nativista do Rio Grande do Sul e "poesia crioula".
Os nossos maiores cultores eram da poesia não só em forma de soneto, de sextilhas e décimas, como em forma de quadras e quadrinhas, a que se tem denominado - poesia popular, (cabe dizer, da prosa poética e poema em prosa.). A poesia popular é tão simples quanto espontânea e expressiva. Este gênero de poesia é usado em todo o Brasil e também em outros países, em específico da "gauchesca": nas Repúblicas do Prata, aqui a variação fica por conta da Poesia Gaúcha a qual é caracterizada pelo estilo agauchado e classificam-na de 'largada' quando 'pucha' muito a esse estilo. ( Assuntos do Rio Grande do Sul, P.A., Of. da Escola de Engenharia, 1912 - João Cezibra Jacques.)
(...) Do que acima se dá balanço, pode-se ver, em ligeira amostra, a variedade de rítmo das composições dos poetas gauchescos, por que não pode ser escorraçada da invernada da poética gauchesca, nem a quadrinha nem o verso livre, por mais adeptos que sejamos do convencionalismo das sextilhas e do verso de sete sílabas, da décima ou da oitava. Nem podemos desprezar, sem flagrante injustiça o Soneto, a fórmula mais rebuscada em que já se versejou assuntos campeiros. O que importa aos amantes da poesia em todas suas formas, do gauchismo, é a exaltação do personagem e da sua obra, o conteúdo, a substância telurizante, o desdobramento da velha seiva lírica de que é o chimarrão, o verde sangue materializado. Seu individualismo gaúcho, fugindo a escolas mantendo seu penacho de monarquia. (Anais do I Congresso de Poetas Crioulos do R.G.S. - Imprensa Oficial, 1958)
QUERÊNCIA¹ ///@//ro ///@rti//s S@//tos
Querência, - quanto te quero - sem nenhum favor,
É palavra lindaça, sim de laço e traço meu senhor,
Irmã, sem rivalidade, da saudade que também é dor,
Quando ajuntadas, perfiladas é do mais puro amor.
Juntas, tropeiam nas canhadas da lembrança,
Visões nebulosas da gente boa, taita e generosa.
Eivada, de chegada a jeito, sempre de esperança
Palavra de ampla² que soa mui forte e poderosa.
Sempre parte de um pago como d'uma existência,
Tal e qual ou como fosse, macega de um banhado
Lembrança inclusa, encilhada em plena reminiscência.
Traz para este andejo, almas penadas do passado.
E solito este gaudério, matea nas noites enluaradas,
Que já lá vêm os pampas, silhuetas de um passado,
Negaceando, luto para expulsar as encruzilhadas
Mas de relancina surge a tapera do ontem malfadado.
Minha prenda, meu laço enrodilhado, minha querência,
Meu bagual ! No sono em pedaços os amo com ardor,
Quando falo "Querência", encho a boca com eloquência,
Saudade; cheia de pinha, onde cada pinhão é um amor.
QUERO - QUERO ///@//ro ///@rti//s S@//tos
Ave esperta de meu pago
Que a lembrança me apraz
Lembro quando criança o afago
De tudo, minha prenda...lá pra trás.
Tempo em que era pequenino,
Olhando os Quero-Queros eu via.
Assim me foi a idade: era menino;
Ô Deus! Se voltasse, que bom seria.
1, Querência - Lugar onde alguém nasceu, se criou ou se acostumou a viver, e ao qual procura voltar quando dele afastado. // Pátria, pagos, torrão. É vocábulo castelhano, contudo ultrapassou as fronteiras, para cá, e se erradicou no falar gaúcho. Por extensão a literatura o usa quando regionaliza o personagem, de Santa Catarina ao Rio Grande do Sul. Em português a existente é querênça, a meu ver menos sonora. Também a palavra se emprega à namorada (prenda, xina) ou ao seu amor.
2. De ampla - O mesmo que de amplitude, de largo, que atinge longe, envolvente.