"corpo véio esgalepado II"
Como um índio sobrevéve
Com essa tal invernia
Porque nem a água chia
Prá tomá um chimarrão
Fui fazê o meu sopão
Com legume congelado
“Corpo veio esgalepado”
Meta lenha no fogão.
As corrente da carroça
Na hora deu atrelá
Não consegui segurá
Pra enganchá na peitera
Até parece bestera
Mais eu me vi enbretado
“Corpo veio esgalepado”
No Rio Grande geladera.
Quando cheguei lá na roça
Pra mode arrancá aipim
Me deu um trosso ruim
Doeu cabeça e nariz
De tanta força que eu fiz
Fiquei desacursuado
“Corpo veio esgalepado”
Tem gelo inté na raiz.
Resolvi cortá uma cana
Pois tenho que tratá os bicho
Sô gaúcho e não me micho
Pra uma bruta situação
Cheguei prendendo o facão
Do "ferrero afamado",
“Corpo veio esgalepado”
Só sobrô o cabo na mão.
Corri pra tirá um pasto
Pras mão não voltá abanando
E a foice fui acarcando
Numa tocera criada
Quando vi toda enrroscada
A cruzeira do meu lado
“corpo veio esgalapado”
Pobre cobra congelada.
Mais eu sô um gaúcho taura
E conhecedor da lida
Que prá toca sua vida
Improvisa de montão
Carniei galo, boi, leitão
Pra não ficá engatado
“Corpo veio esgalepado”
Que tem bóia inté o verão.