Olhos de porteira
Seguindo o braço de Orion
Entre Sagitário e Perseu,
Pra cá de Betelguesse
A gigante estrela vermelha,
Está nosso sol ofuscado
Mas que lumia nossa ceia.
Tão longe de Épsilon
Nossa terra de azul tom
Permeia entre Vênus e Marte
Arrastando a translação
Enroscada com a rotação
Numa emaranhada teia.
E da terra
No continente do sul
Num país, num estado,
Num município banhado pelo mar
Da varanda de um apartamento
Dois olhos olham o firmamento
A sonhar.
Sem ver todo o cosmo estrelado
sabem o que está lá fora,
sentem num breve piscado
A luz que viaja de outrora,
O brilho que tanto permeia
É o mesmo do antes e o agora.
Com o coração nos olhos
Abraça o cosmo que serpenteia,
Seus braços erguidos são galhos
O seu olhar uma porteira,
Aonde a vida vem desaguar
Como um rio nas suas veias.