NEM A SORTE... NEM A MORTE...
DESCANSO MINHA TRALHA
À SOMBRA DE UMA ARAUCÁRIA
E O ESCARCÉU DE UMA GRALHA
ME DIZ QUE NÃO SOU BEM VINDO
MESMO ASSIM NÃO ME INTIMIDO
POIS NÃO É A PRIMEIRA VEZ
QUE ME SINTO IGUAL UMA RÊS
DESGARRADA DO REBANHO
UM GALDÉRIO MUI ESTRANHO
DISTANTE A MILHAS DO PAGO
SÓ ME ESTRIBO NO AFAGO
DO PONCHO AZULADO DO CÉU
ENQUANTO DIVAGO AO LÉU
RECOSTADO NO PELEGO
NÃO TENHO NENHUM APEGO
PELAS RELÍQUIAS QUE TRAGO.
O QUE ME RONDA AS LEMBRANÇAS
ENQUANTO CAVALGO QUERÊNCIAS
SÃO MUITAS LÉGUAS DE ANDANÇAS
CADA DIA UMA POUSADA
NÃO DEIXO RASTROS NA ESTRADA
PRO DESTINO NÃO ME JOGAR O LAÇO
POIS COISA QUE EU NÃO FAÇO
É ME PRENDER NUM CAMBICHO
QUANDO PARO NUM BOCHINCHO
BEBO ATÉ PERDER O TINO
DEPOIS SAIO SEM DESTINO
MONTADO EM MEU PANGARÉ
VOU ATÉ ONDE DEUS QUISER
ME ESCONDO ALÉM DO HORIZONTE
POIS SE NÃO ME ALCANÇA A SORTE
QUE TAMBÉM NÃO ME ACHE A MORTE.