PRA TI MEU PIÁ!

Quando chegaste ao mundo

Vieste pra ser haragano

E acompanhando teu mano.

Tua mãe carregou no ventre

Gêmeas preciosas sementes

Cada qual com os seus planos.

Tu nasceste de bombacha,

Alpargata e tirador

E, sem ninguém tentar impor

A tua autenticidade,

Demonstraste a humildade

Expressando teu amor

Por essas coisas da terra.

Em teu franco telurismo,

Do garboso ao xucrismo

Expressaste o teu talento

E com nobre sentimento

Moldaste o teu lirismo.

Tua vida foi poesia

Da mais preciosa rima,

Foste uma obra-prima

Mas, num precoce pealo,

Te boaleaste do cavalo

Sem dar a volta por cima.

No mundo não tem parelha

A dor que sente um pai

Quando um filho se vai

Para os pagos do além.

É a saudade que vem,

É a lágrima que cai.

Prepara bem os arreios,

Encilha teu baio ruano

Com aperos de minuano

Pois aí tudo é mais leve.

Pra mim qualquer pêlo serve

Não sendo matungo ou tirano.

Afina bem a garganta,

Te proponho uma prova:

- Quero ver se ainda trovas,

Se ainda tocas tua gaita

E mostrar se ainda és taita

Pra não levar uma sova.

Meu piá,escuta teu pai,

Vou te fazer um pedido:

- Encilha um mate comprido

Pra quando chegar minha hora

E eu tiver que ir embora,

Metearmos descontraídos.

Dilson Gimba
Enviado por Dilson Gimba em 28/05/2013
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