CARNAVAL DE CINZAS
Bate tambor,
E o negro disfarça,
Disfarça a tristeza,
De sentir tanta dor.
Geme a cuíca,
E a alma do negro,
Mas, mostra um sorriso,
Que é para ninguém notar.
Vibra o pandeiro,
E o negro, as pernas,
E as cordas desafinadas,
Do seu coração.
É carnaval,
É alegria,
Quanto sorriso !
Quanta orgia !
Canta o negro,
Samba no pé,
Mas, seu espírito,
É canto sem fé.
Cai serpentina,
Embranquecendo o cabelo,
Batuque de bamba,
No bom samba-enredo.
Toca viola,
São gritos de amor,
Negro só ouve,
Lamentos de dor.
É carnaval,
É alegria,
Mas, para o negro,
É só fantasia.