No feitiço dos teus olhos

Oque será que tem nos remansos desses olhos?

Simplesmente não sei, o que seja, que certo tem...

Deles cuido por entre as frestas do galpão.

Proscrita mente, os meus notam os também.

Solto a alma a penar, por querer só entender...

Que a eles me atraem e me fazem quere-los.

Num olhar mais puro e sincero fico a cuidar

Enquanto pela ramada encilho, a sonha-los.

Nalgum lugar percebi esse feitiço eles tem?

Não sei, querendo somente ainda entender.

Por talvez renascer um pouco pelo seu olhar

E ainda um ter como meu bem querer.

Olho com jeito e com calma, entre as frestas.

E te vejo lendo, algum livro de poesia

Dentro de min sente o meu coração velhaco.

Sonha em ficar contigo em tardes de porfia

Qual é teu feitiço neste olhar... que me perco?

Procuro depois dos mates, mirando além da janela.

Lembrando-se deles, tão claros e ainda libertos,

De magoas como os meus, ainda de olhos fechados à vela.

Quem sabe um dia, na volta de uma lida pelo corredor.

Minha vida se tope pela sua, que segue longe dos meus olhos.

Que sonham ainda ter os teus, por perto no alcance

De um abraço, pra viver contigo esse meu sonho.

Sinto pelo coração este feitiço que carrega sem notar...

Mostrando pelo fundo dos teus olhos de sanga.

Ainda ver minha imagem refletida pelo o vidro deles

E ai sentir o gosto doce de teu beijo de pitanga.

Somente cuido ajeitado potros, calejado as mãos...

Guardo dentro do peito este sentimento em silencio.

Firmando minha alma sob a minhas garras....

Querendo ainda entender, este feitiço...

E talvez um dia pela sombra do meu sombreiro ladeado

Verei pelo o brilho deles, minha alma perto da sua.

E não mais ver teus olhos pelas frestas de relancina

Esperando-me na moldura da janela, nestes olhos de lua.

E entender este bem querer, vendo seus olhos de perto

E não mais deixar meu sentimento em silêncio.

Somente querer estar por perto sombreando este querer

Vivendo dentro dos teus olhos, neste feitiço.