DEPOIS DE UM PEALO

Na rodada do potro um silencio de espora

O vazio campo afora tornou-se uma prece

Um vulto estendido por sobre a flexilha

Bem sobre a coxilha a pampa adormece

Se vinha terciando na rima da espora

Que risca e se atora num grito prendido

No terço do mango se ouviu o estouro

Restou sobre o couro um silencio sentido

O sangue na terra semeando a tristeza

Taureando a firmeza no olhar do campeiro

A morte de um potro no encalço da doma

É dor que se assoma ao vazio do potreiro

Restou no semblante o sinal da rodada

A chincha extraviada no estouro do pealo

Um basto partido perdeu-se do lombo

E na ausência de um tombo se foi um cavalo

Atorou-se a pampa num golpe da lida

Fazendo da vida um destino estancieiro

Ficaram as garras no fio do alambrado

E um índio calado num silencio matreiro