Meio tempo
Pro Paulus
Estou ao meio, a meia luz.
Estou a vontade para flagrar esse momento todo azul, quase azul, todo ao Sul
Histórias que vivi, do que conheço.
Histórias do que sou, as que invento.
Obedeço meus instintos e me apresento em cores.
Passado o tempo avalio e avalizo meus passos.
Agora estou descalço.
Pés sobre o chão de uma terra imensa.
De um país imenso por onde andei.
Andei muito sobre a terra plantada de onde eu vim.
Do Sul. Quase sempre azul.
Sempre azul são os meus sonhos, meus desejos.
As vezes sou aventureiro, as vezes desertor.
As vezes sou inteiro, as vezes fala-me a dor.
Estou ao meio, a meia idade.
Leio o que escrevi, o que plantei, o que colhi.
Perdas, ganhos...meus filhos, minha mulher.
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Estou ao meio, a meia idade e sou do Sul.
Do Sul de tradições que traduzo numa terra quase estranha.
Do Sul de sotaque forte, da guarânia,
Do cheiro e o gosto da erva mate que trago em minhas entranhas.
Eu sou do Sul; do Rio Grande do Sul do Barão de Mauá.
Do Sul de Prestes, Vargas e Brizola
Sou do sul de Lupicínio e de outros tantos.
Das poesias e contos de Quintana e Veríssimo.
Eu sou do Sul e sou muitos “eus e suls” que nunca se findam., que sempre se transformam, sempre se reinventam no que sou eu, no que somos.