Narciso
Por que te olhas com tanta paixão?
Por que te contentas com a solidão?
Será mesmo que estou certo?
Será que teu peito de outrem é deserto?
Por que te tens tanto amor
E aos outros olhais com dessabor?
Se tu sabes que a maior regra da vida
É não fazer de outra alma sofrida?
Na ignorância vives tu
Rodeado de espelhos d'água
De vidro é tua beleza, oh senhor,
Cuida de fazer feliz quem te afaga
Porque do seu peito é que deságua
Mais que beleza, jardim, cor, amor.