Todo poeta tem um vício

Todo poeta tem um vício

o vício do atrito

nas cordas do violão.

O grito retido

no peito da canção.

O choro contido

nas costas da mão.

Todo poeta tem um vício

o do acorde aflito

o das notas repetidas

o do dito por não dito

nas rimas do coração.

Todo poeta tem um vício

o de chorar calado

o de cantar desafinado

o do verso cuspido

o do amor despido.

Todo poeta tem um vício

o de se esconder na poesia

o de improvisar com a magia

o de cantar as Marias

o de ter manias.

Todo poeta tem um vício

seja de noite ou de dia

só ou acompanhado

seja do amor desencontrado

seja do encontro almejado.

Todo poeta tem um vício

seja colher o fruto semeado

seja o de ser traído

de viver desconfiado

de levantar bêbado caído.

Todo poeta tem um vício

o de fazer besteiras

o de encantar as musas

o de dançar com as putas

o de curtir bebedeiras.

Paulo Augusto Menezes
Enviado por Paulo Augusto Menezes em 23/12/2012
Reeditado em 25/02/2013
Código do texto: T4050547
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