Todo poeta tem um vício
Todo poeta tem um vício
o vício do atrito
nas cordas do violão.
O grito retido
no peito da canção.
O choro contido
nas costas da mão.
Todo poeta tem um vício
o do acorde aflito
o das notas repetidas
o do dito por não dito
nas rimas do coração.
Todo poeta tem um vício
o de chorar calado
o de cantar desafinado
o do verso cuspido
o do amor despido.
Todo poeta tem um vício
o de se esconder na poesia
o de improvisar com a magia
o de cantar as Marias
o de ter manias.
Todo poeta tem um vício
seja de noite ou de dia
só ou acompanhado
seja do amor desencontrado
seja do encontro almejado.
Todo poeta tem um vício
seja colher o fruto semeado
seja o de ser traído
de viver desconfiado
de levantar bêbado caído.
Todo poeta tem um vício
o de fazer besteiras
o de encantar as musas
o de dançar com as putas
o de curtir bebedeiras.