Opção

Opção

Sou um visitante pulsando nesse mundo, cruzando espaços.

Há um sentido em tudo que vejo, que ouço.

Há um sentido em tudo que faço.

Há um sentido em tudo que desejo no outro

Há um sentido em tudo que sinto

Há um sentido...

Repito em gestos e palavras os encontros encantados que a saudade me traz.

Lembro dos dias quentes, noites claras, luas cheias, luas vagas

Lembro dos dias curtos, noites longas e a busca de uma sombra.

Procuro a chegada e encontro a partida.

Viver partindo não me cansa. A vida é assim.

Me despeço do passado porque tenho pressa.

Mas ele vem comigo como um amigo,

como um companheiro que me empresta

o fôlego, a sabedoria e me diz onde encontrar abrigo,

quando acho que o tempo está sendo meu inimigo.

Entrego-me a liberdade porque nasci com asas. Delas não abro mão.

Recebo sem dor e medo, o que me dão em doação.

Não ando só porque não nasci sozinho.

Trago comigo minhas outras vidas e gerações que me socorrem.

Ideias confusas me fazem refletir sobremaneira.

Onde estão as causas e bandeiras que defendi com ardor, crença e amor?

Onde está o mundo que vi, idealizei, que criei?

Onde está esse mundo jogado no tempo,nos dias de hoje?

Onde estão meus sonhos e certezas?

Sou um artista pulsando no tempo, e passeio nesse espaço.

Trago cores pra pintar o amor, a paixão, o desenlace, a dor, o tesão, o abraço, a sorte, a luxúria, o porre.

Pinto o sorriso, a ilusão, a alegria, o amigo pra sempre, o amigo por um dia, a fome, a sede , a alegoria.

Pinto a memória, o cansaço, o caminho por onde vim e por onde passo , lembranças que deixo, e as que trago.

Pinto os erros, acertos, pesadelos, sonhos bons, sonhos que tive, sonhos que tenho, os que não esqueço e os que faço.

Pinto em cores primárias, cores novas, cores que invento, em degradê.

Pinto em cores especiais os que sabem verdadeiramente me ler.

Também pinto meus versos pobres, sem rima, pinto minha alma e coisas que ninguém imagina.

Transgrido, provo, aprovo e reprovo porque julgo.

Provo do pecado em absolvição porque existe um Deus em mim.

Berro em silêncio quando estou mudo.

Quebro e estilhaço o espelho da falsa imagem.

Me embriago no êxtase de viver no presente, o que era futuro no passado.

Louvo a fé, a esperança, a utopia e tudo que ilumina os meus dias.

Louvada seja a nascente da água limpa que vai lavar a alma do mundo.

Não alimento meus fantasmas, nem a tristeza de entender o mundo errado.

Eu fiz uma opção verdadeira, definitiva e grito:

Eu não quero a agonia de ser um mortal !!!

Eu me recuso a ser um mortal !!!

Definitivamente; não quero ser um mortal !!!

Os mortais não têm graça, elas morrem para sempre.

E eu escolhi não morrer.

Paulo Mauricio

Paulo Mauricio
Enviado por Paulo Mauricio em 02/11/2012
Reeditado em 08/11/2012
Código do texto: T3965192
Classificação de conteúdo: seguro
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