Entre olhares
Essa alma devorada
reencontra seu caminho
nesta outra,
sutilmente moldada com a perfeição
de um corpo esculpido
com a mão angelical.
Força bruta,
quente e calada.
Entre um olhar e outro
uma ofegante respiração
em um calor com a lua fria
misturada a uma ilusão.
Entre um olhar e outro
os corpos se movem
e não mais na mesma direção.
Um olhar e outro
acontecem pela última vez
e.. ficam para tráz.
Viver o que não existe
em frações de segundos
nos entrega a razão da vida:
o sentido de existir o mundo
e o porque de irmos embora
sem despedida.
Crente de ir além do infinito
e abstruir teores de sentimentos
escondendo-se de si,
encontrando-se em outros
sem ao menos praticar algum sonho
e se aconchegar em belas nuvens.
Essa alma devorada
hoje pende o anseio dos quereres,
traga como a um fumo, fumaças na imensidão
cegando o ontem como se não houvesse o amanhã
como se no futuro não pudesse encontrar, também
escuridão.
Aline Machado/ Part. Letícia Dantas.