Na Estampa do domador
Chegou ao pé do palanque pra cumprir o serviço
Um pala atado junto à cintura do domador
Estampava a criatura dentro de um jaleco em flor
Sem ostentar breves pelos olhos de campo
Foi pra cima do potro com o olhar limpo
Somente firmando e segurando na força do braço.
Ao pé do palanque negro segurava a corda chata
E o moreno encostou bem o cavalo do lado
Pra o domador não rodar fazendo, o costado.
Na estampa de domingo mais uma gineteada
Pra os olhos do povo que saiam contando pelas ramadas
De um índio que em potradas se arrebata.
Nas flores do jaleco bordada guarda um sonho em flor
Na mesma flor da xerenga que dos botões do florão,
Resguardam alguma copla ainda bruta do coração.
Pra algum amor que foi ficando em algum canto perdido
Somente mostrando em um canto dos olhos, bem escondido.
Pelo olhar largo, na amplidão dos olhos do domador.
Sentou o corpo sob o lombo remangando as mangas do jaleco
Soou a campana pela mão do juiz de campanha...
E pela cancha parelha é onde o índio se arremanha
Sem ligar pra o potro que saiu mandando do lombo.
Com o moreno fazendo um costado num estrondo
Sem ligar pra os golpes descompassados e secos.
Assim foi neste repecho sem ligar pra lida que fazia.
Parece que desdenha a vida a cada pulo desses potros
Levando sua alma andarilha e solita pra perto dos astros.
Solta as garras as mesma em prata e rosetas de aço
Segurando a vida sem querer pela volta mais forte no espaço
Na força do braço pra nesta alma parecendo uma romaria.
De sonhos escondidos pelo macegal que escondem as flores
Deixando a sua estampa mais serena e também a mais bruta.
Pra olhares das morenas mais afoitas, cumprindo a labuta
Sob as cruzes desses potros que carregam seus rumos de alma...
E pelos olhos em calma solta pra os que entendem e espalma
Sabores dessabores de todos os seus sonhos e amores.