NÃO BAIXO A CRISTA

Não uso terno e gravata

E calça jeans, nem de graça

Pois sou guasca de campanha

Desses criado em “bombacha”

Não sou maior que os outros

Mas menor não sou também

Pois este macho campeiro

Tem tudo que os outros tem

A gaita é meu sacerdócio

A rima é minha oração

E da alma tiro argumentos

Pra usar conforme a ocasião

A mente é cacimba eterna

Que jorra verso e não seca

E de “peleia” eu não saio

Nem mesmo perdendo a cueca

E a china pode ser linda

De dar inveja a uma flor

Mas nem com reza e promessa

Vai me”pealar” no amor

O potro por mais “ventena”

“Amansso” a espora e a mango

E o “índio” que é bagaceira

No meu facão dança tango

E se um alçado se encrua

Nem se “planchando” me escapa

Pois cato o dito das guampas

E ergo a coice e a tapa

Não baixo a crista pra macho

Nem que eu vá pra os “beleléu”

Pois ninguém me dobra a espinha

E só pra DEUS tiro o chapéu

Pois trago a fibra gaúcha

Enraizada na minha alma

E quando meu sangue borbulha

Só uma “peleia” me acalma

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 18/09/2012
Código do texto: T3888036
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.