NÃO BAIXO A CRISTA
Não uso terno e gravata
E calça jeans, nem de graça
Pois sou guasca de campanha
Desses criado em “bombacha”
Não sou maior que os outros
Mas menor não sou também
Pois este macho campeiro
Tem tudo que os outros tem
A gaita é meu sacerdócio
A rima é minha oração
E da alma tiro argumentos
Pra usar conforme a ocasião
A mente é cacimba eterna
Que jorra verso e não seca
E de “peleia” eu não saio
Nem mesmo perdendo a cueca
E a china pode ser linda
De dar inveja a uma flor
Mas nem com reza e promessa
Vai me”pealar” no amor
O potro por mais “ventena”
“Amansso” a espora e a mango
E o “índio” que é bagaceira
No meu facão dança tango
E se um alçado se encrua
Nem se “planchando” me escapa
Pois cato o dito das guampas
E ergo a coice e a tapa
Não baixo a crista pra macho
Nem que eu vá pra os “beleléu”
Pois ninguém me dobra a espinha
E só pra DEUS tiro o chapéu
Pois trago a fibra gaúcha
Enraizada na minha alma
E quando meu sangue borbulha
Só uma “peleia” me acalma