O BURRO E O LEÃO
Adaptação poética,
de fábula de Esopo (1)
Naquele tempo em que animais falaram,
Convivendo por certo socialmente,
Viram-se o burro e o leão frente a frente
E irem cedo à caça combinaram.
Conforme o qu´ acordaram lá partiram
E vendo umas caprinas de repente
Foram-se os dois a elas juntamente
Mas para uma caverna se sumiram.
Então o estulto burro ali entrou
E o lesto Leão cá fora aguardou
´ Sperando que dali as espantasse.
Ouviu-se um alarido grande dentro
E as caprinas saíram como o vento
Gritando o burro qu´ ele as agarrasse.
- Viste, compadre Leão, meu grande evento?
O rei da Selva rindo de tal façanha:
- Amigo, agora a caça é de quem a apanha!
É burro, é burro, mas é manganão
E, é bem certo, p´ lo sim e p´ lo não
Quem esta faz não passa de patranha!
Frassino Machado
In RODA VIVA
(1) Esopo, o mais conhecido autor de fábulas, foi sem dúvida um grande sábio que viveu na Antiguidade. Sua origem é um mistério cercado de muitas lendas. Mas, o seu nascimento pode ter ocorrido por volta do ano 620 a.C. Várias cidades se colocam como seu local de nascimento, sendo comum que o tratem como originário de uma cidade chamada Cotiaeum, na província da antiga Frígia, Grécia.
Diz-se que já nasceu escravo, e pertenceu a dois senhores. O Segundo, viria a torná-lo livre ao reconhecer a sua grande e natural sabedoria. Conta-se também que mais tarde ele chegou a ser embaixador.
Em suas fábulas ou parábolas, ricas em ensinamentos, ele caracteriza o drama existencial do homem, substituindo os personagens humanos por animais, objectos, ou coisas do reino vegetal ou mineral.