FIM DE TARDE NA CAMPANHA
Quando o último raio de sol
Vai dormir lá atráz do cerro.
No potreiro, aquele bezerro
Que a pouco foi desmamado
Berra desesperado,
Não come ração nem capim,
Mal sabe ele, que o seu fim
Será puxando um arado.
A noite chega ligeiro
E não tem lenha no galpão.
E p´ra um bom fogo de chão,
P´ra que aqueça de primeira
Tem que ser “cerne” de aroeira
Mas não pode estar molhada,
Bom mesmo é “tora” lascada
P´ra dar uma boa fogueira.
Fim de tarde na campanha
Sempre tem o que fazer.
Tem lenha pra recolher
Mandioca pra descascar
Vaca leiteira pra tratar
Dar uns “restolho” pra leitoa,
Encher a pipa de água boa
E um chimarrão pra cevar.
Depois das lides de campo
E dos serviços caseiros,
Se “aconchegam” no braseiro
Pra tomar um chimarrão,
A peonada e o patrão
E também a gurizada
E entre “causos” e piadas
Vão cultivando a tradição.
O mate é “quase sagrado”!...
Que passa de mão em mão.
Sempre servido pelo patrão.
Da esquerda para a direita,
Mais que um ritual, é como
uma “seita” cultuada na campanha,
Quem é da cidade estranha
E não tomar, é uma “desfeita”.
São costumes diferentes
No interior do nosso estado.
O peão que lida com gado
Sempre montado a cavalo
Tem muito pouco regalo,
A não ser um chimarrão,
Ao pé d´um fogo de chão
E uma pinga no gargalo.