CANTAR DE UM MISSIONEIRO

No dia em que eu nasci

A pampa se iluminou

O quero-quero guardião

Aos quatro ventos anunciou

A velha estirpe charrua

De novo ressuscitou

Na imponência do grito

Que do meu peito ecoou

Meu grito se fez um pranto

Depois canto se tornou

E penetrando a matéria

Qual vírus se propagou

Num timbre de voz segura

Todo animal se amansou

E até o fogo dos incautos

Deste meu pago apagou

Meu verso se fez potente

E o canto se procriou

Trançado de tento a tento

Jamais pra mim se negou

E assim fui pealando o gosto

Que um dia se rebelou

Nas tranças do mesmo laço

Que o próprio destino atou

Da mescla de muitas raças

Meu sangue se originou

E tecendo versos ao vento

A rima então purificou

Empunhando firme a lança

Nem um passo ele recuou

Pra libertar o rio grande

Que ele próprio demarcou

Meu cantar trouxe alegria

Aos que aqui vivem tristonhos

Retransmitindo a vontade

De quem vive alem dos sonhos

De irmanar este rio grande

Pelo clarim de bambu

Revivendo a historia bruta

No grito de Tiaraju

Esta é a minha historia guapa

Numa odisséia sem fim

É seiva pura silvestre

Com aroma de jasmim

È o cantar de um missioneiro

Brotando que nem capim

Na essência de um guarani

Que vive dentro de mim

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 31/07/2012
Código do texto: T3806065
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