CANTAR DE UM MISSIONEIRO
No dia em que eu nasci
A pampa se iluminou
O quero-quero guardião
Aos quatro ventos anunciou
A velha estirpe charrua
De novo ressuscitou
Na imponência do grito
Que do meu peito ecoou
Meu grito se fez um pranto
Depois canto se tornou
E penetrando a matéria
Qual vírus se propagou
Num timbre de voz segura
Todo animal se amansou
E até o fogo dos incautos
Deste meu pago apagou
Meu verso se fez potente
E o canto se procriou
Trançado de tento a tento
Jamais pra mim se negou
E assim fui pealando o gosto
Que um dia se rebelou
Nas tranças do mesmo laço
Que o próprio destino atou
Da mescla de muitas raças
Meu sangue se originou
E tecendo versos ao vento
A rima então purificou
Empunhando firme a lança
Nem um passo ele recuou
Pra libertar o rio grande
Que ele próprio demarcou
Meu cantar trouxe alegria
Aos que aqui vivem tristonhos
Retransmitindo a vontade
De quem vive alem dos sonhos
De irmanar este rio grande
Pelo clarim de bambu
Revivendo a historia bruta
No grito de Tiaraju
Esta é a minha historia guapa
Numa odisséia sem fim
É seiva pura silvestre
Com aroma de jasmim
È o cantar de um missioneiro
Brotando que nem capim
Na essência de um guarani
Que vive dentro de mim