CHIMARRÃO MINHA BEBIDA

Porongo grosso e curtido

Erva buena e de primeira

Pra este ritual campeiro

Que faço a semana inteira

Abancado sobre um cepo

Junto ao fogo de chão

A alma foge do corpo

Na faísca de um tição

E no chiar da cambona

Eu cavalgo na vastidão

Do doce amargo que sorvo

Da cuia de chimarrão

Pai dos costumes gaúchos

Tempero da raça amada

Chimarrão é minha bebida

E a vida eterna mateada

Sempre que posso, eu reúno

A pionada e meus amigos

Pra dois, três dedos de prosa

E chimarrear junto comigo

Enquanto a gente proseia,

A cuia de mão em mão

Nos enche a alma de paz

E nos aquece o coração

E tanto faz numa estância

Ou num rancho da cidade

Em cada gole de mate

Eu encontro a felicidade

Pois só entende este mundo

E conhece as regras do jogo

Quem faz o ritual sagrado

de matear ao pé do fogo

Entre um chimarrão e outro

A vida é prosa e poesia

Na seiva da tradição

Que eu sorvo no dia a dia

Nós todos somos iguais

Sem distinguir cor nem luxo

Numa roda de chimarrão

O sacerdócio do gaucho

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 31/07/2012
Código do texto: T3806061
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