CRIA DE SÃO LUIS

Brotou na terra vermelha

Das entranhas de São Luis

Pra ser cantor guitarreiro

Porque o destino assim quis

Filho de João e Antonina

Um talento desde piazito

Repontou tropas de versos

Domando o mundo solito

Violãozito a meia espalda

E a alma prenha de rima

Pra bordonear nas milongas

Cambichos de sua estima

E assim entonava o canto

Por bailantas e galpões

Encarnando a velha raça

Perpetuada nas Missões

Mas aos carinhos de china

Não á peão que resista

E o taura então foi pealado

Por Neide a telefonista

E torna-lo um peão caseiro

A esposa Neide queria

Lhe presenteando três filhas

A Linda, a Laura e a Lia

Mas o taura por teatino

Buscando fama na vida

Andava de pago em pago

Com a família querida

Seus dedos criando acordes

Rimas surgindo do nada

Em mágicas serenatas

Pra deusa lua prateada

Payando ganhou o mundo

Nas asas das melodias

Dando pealos na tristeza

E rebanhando alegrias

Mescla de cigarra e homem

Tinha o Rio Grande na estampa

E Noel Guarani era o nome

Deste centauro da pampa