SOU CASEIRO
Enquanto a boeira
Troteia no céu
E canta o “teu-téu”
Na lonjura sem rumo
Aqui no meu rancho
Mais tosco eu duvido
Tou com os fervidos
Já todos no prumo
Pitando um palheiro
Pealando recuerdos
Invoco segredos
Mirando a “lo largo”
Meu pago banhado
pela luz da lua
E a essência charrua
Eu sorvo no amargo
Quando um galo “véio”
Em tom de sonolência
Entoa na querência
O toque despertar
Me péga na lida
Alegre e disposto
Fazendo com gosto
O meu labutar
Depois que na pampa
O sol mete a fuça
Minha idéia se aguça
E os versos destrincho
Bordoneando o pinho
Nas vazas da lida
Retempero a vida
Cantando pra os bichos
Assim passo o dia
E de alma lavada
Canto pra peonada
Quando a noite vem
E quando ela quer
Se virar do avesso
A lida eu recomeço
Porque me faz bem
Pois sou sentinela
Da Pátria gaúcha
Caseiro “ala-pucha”
Que pula “cedito”
E quando a boeira
Ta se levantando
Já tou chimarreando
E tentiando um “pito”