NOS BAILES DE LIVRAMENTO

Eu ergui o meu focinho

E farejei contra o vento

Um fandangaço cuiudo

Pras bandas de Livramento

Me larguei pra o entrevero

Deixando um rastro de pó

Pra “frouchá” as polpas dançando

E derretendo os mocotó

Cheguei de chapéu tapeado

Larguei o pala no ombro

Catei na sala uma prenda

E se “atraquemo” abrindo rombo

Os candeeiros balançavam

Nos bufidos da cordeona

E eu também me embalava

Nos braços desta “siá dona”

Enquanto o povo faceiro

Não refugava uma marca

O gaiteiro só escutava

“Floreia” outra e “acarca”

"Oigalê" baile "buenacho"

De violão, gaita e pandeiro

É uma pintura "baguala"

Deste rio grande campeiro

Dois dias e duas noites

Passei espalhando as patas

E corcoveando na sala

Pealei a tristeza ingrata

Até ajeitei uma prenda

Pra enfeitar minha encilha

E ser dona do meu rancho

Lá na costa da coxilha

Nos bailes de Livramento

Nem “véio” sente canseira

E o povo dança pachola

Tironeando na peiteira

Que até casório acontece

Entre o “tranquear” da vanera

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 12/07/2012
Código do texto: T3774039
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