VANERA DE SANTIAGO

Numa vanera parida

Na querência de santiago

Eu saio trançando pata

Meio encharcado no trago

Pois pra rodar na vanera

Eu sempre acho um par vago

E froucho as ancas dançando

Pelas bailantas do pago

Nesta vanera baguala

Com sabor de mate amargo

Dança o certo, dança o louco

O cego, o surdo e o gago

Dança o bagual de campanha

O citadino e o estrangeiro

E até o mudo gesticula

Pedindo bis pra o gaiteiro

Dança o véio, dança o moço

Dança o ateu e o cristão

Saracotiando pachola

No embalo da de botão

Dança a "china", e a madame

Funqueiro e roqueiro juntos

Nesta vanera cuiuda

Que faz levantar defuntos

Prenda solteira do baile

Volta casada pra casa

Que o tranco desta vanera

Deixa os corações em brasa

Dança até o pagodeiro

O sertanejo e o folião

Esta vanera que exala

O cheiro xucro do chão

A natureza delira

A lua vem fazer afago

Na indiada que gasta os cascos

Nos fandangos a “lo largo”

Até os bichos se balançam

E os peixes bailam no lago

Quando o gaiteiro "sapéca"

Esta vanera de santiago

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 10/07/2012
Código do texto: T3770467
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