VANERA DE SANTIAGO
Numa vanera parida
Na querência de santiago
Eu saio trançando pata
Meio encharcado no trago
Pois pra rodar na vanera
Eu sempre acho um par vago
E froucho as ancas dançando
Pelas bailantas do pago
Nesta vanera baguala
Com sabor de mate amargo
Dança o certo, dança o louco
O cego, o surdo e o gago
Dança o bagual de campanha
O citadino e o estrangeiro
E até o mudo gesticula
Pedindo bis pra o gaiteiro
Dança o véio, dança o moço
Dança o ateu e o cristão
Saracotiando pachola
No embalo da de botão
Dança a "china", e a madame
Funqueiro e roqueiro juntos
Nesta vanera cuiuda
Que faz levantar defuntos
Prenda solteira do baile
Volta casada pra casa
Que o tranco desta vanera
Deixa os corações em brasa
Dança até o pagodeiro
O sertanejo e o folião
Esta vanera que exala
O cheiro xucro do chão
A natureza delira
A lua vem fazer afago
Na indiada que gasta os cascos
Nos fandangos a “lo largo”
Até os bichos se balançam
E os peixes bailam no lago
Quando o gaiteiro "sapéca"
Esta vanera de santiago