CANTOR E GUITARREIRO

O sol acena matreiro

Depois se manda "a lá cria"

E o braço negro da noite

Fecha a cortina do dia

Mandando o vento anunciar

Que a noite ficou mais fria

E recolhido ao galpão

Sentado num banco baixo

Afino a goela na canha

Pois é assim que encaixo

Os versos que faço a lua

Nalgum bordoneio guacho

Nesta guitarra campeira

Que trago sempre afinada

A companheira haragana

Das noites de guitarreadas

Nos bolichos de campanha

E bailantas beira de estrada

Pois dedilhando a guitarra

Dou rédeas ao coração

E a minha alma pachola

Cavalga na imensidão

Campeando as rimas perdidas

Nos campos da solidão

E a lua berço de sonhos

Entorpecendo o cantor

É inspiradora do poeta

E madrinha do payador

Pois faz do ventre da noite

Nascer as rimas de amor

Por entre acordes e versos

Na minha ânsia teatina

De desbravar horizontes

Na milonga campesina

Como cantor guitarreiro

De dom, de vicio e de sina

E até o gado na invernada

Mugindo vem pra mangueira

E fica escarvando em volta

Numa atitude faceira

No compasso natural

Da melodia campeira

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 10/07/2012
Código do texto: T3770435
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