PESCADOR DE ESPERANÇA

Fim de semana acampamento

Beira de rio, boa isca

Brisa fria, noite escura

No pesqueiro alguém arrisca

Na cega sorte fisgar

Um pintado que belisca

Pois diz um velho ditado

Só quem arrisca petisca

Sob um ingá, os gravetos

Onde uma chama se embala

E sobre a trempe sentada

Uma frigideira baguala

Que na espera extenuante

O próprio destino iguala

As chinas feias nos bailes

Mofando os cantos da sala

Num ritual mágico ouço

Da chumbada o assobio

Que cortando o ar afunda

Na água escura do rio

Levando a minhoca presa

Neste destino entaipado

De enfiar o anzol nos beiços

De um surubi desgarrado

Alerta igual quero-quero

Tentiando a linha no dedo

Neste pesqueiro de sonhos

Cavalga a noite sem medo

O pescador de esperanças

Que guarda em si os mistérios

Das noturnas pescarias

Entre causos nada sérios

Entre nuvens de mosquitos

E alguns bicaços na canha

Lambaris e palometas

Vão mergulhando na banha

E o tempo passa a galope

Levando o fim de semana

Fica o vestígio no mato

Nos tições da cajarana

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 04/07/2012
Código do texto: T3760013
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