O MISTICO ANOITECER

Fim de tarde, fim de lida

A peonada no galpão

O porongo visita a tulha

E passeia de mão em mão

Enquanto a cambona chia

Abancada sobre os tições

A magia da campanha

Desapresilha as emoções

A noite se faz em festa

Criando acordes campestres

E da sinfonia dos bichos

Brotam tertúlias silvestres

Pra costear as vozes fortes

Dos guitarreiros errantes

Que tentam encantar a lua

Da qual se dizem amantes

A noite é o manto negro

Que a natureza nos veste

E as estrelas no infinito

São bailarinas celestes

Os vaga-lumes nos campos

São luzeiros naturais

Clareando a alma da historia

Nos épicos imortais

A aura mística envolve

O ritual do chimarrão

Rebuscando amores perdidos

No peito de cada peão

E as declarações se fazem

No versejar da peonada

E se perdem noite adentro

Buscando o ouvido da amada

E as labaredas se elevam

Dos tocos de espinilho

Negaciando alguma rima

Pras milongas que dedilho

E eu que sou guitarreiro

E também poeta de alma nua

Arregaço as portas do peito

Cantando em louvor a lua

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 02/07/2012
Código do texto: T3756412
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