ARROGANTE ROSA

Petulantes pétalas

De uma rosa,

Inesperadas, se abriram

De uma vez só.

E em atitude chocante

Com desenvoltura atrevida

A rosa, ela própria

Expôs-se multicolorida.

Crente de que era, entre as flores

A mais glamourosa,

A rosa,

Não achando bastante

Espalhou para ali e mais adiante

Seu perfume inconfundível de rosa que é.

Tulipas, gardênias, jasmins e violetas,

Petúnias, acácias, buganvílias, flores silvestres

E outras mais

Se encolheram,

Esmaeceram,

Feneceram

Face o exibicionismo arrogante da rosa.

O intolerável na rosa

Não consiste apenas em se ver como tal:

A flor mais conhecida,

A mais cantada

E versejada,

Como símbolo tomada

Para tudo na vida (sorte,

morte,

ardor sensual

E muito mais).

Repulsivo na rosa é nunca se ver

Como uma flor a mais,

Uma a mais

Entre as demais.

Mas a pretensiosa

Rosa

Equivoca-se demais.

Sua vida é curta demais

E ao findar-se

Vai tornar-se

Adubo e alimento

Para outros vegetais

E...ademais...

(in)certos animais.

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 30/06/2012
Reeditado em 07/01/2017
Código do texto: T3753691
Classificação de conteúdo: seguro