ASSIM É O GAUCHO
Quando o gaúcho se encontra
Tocando alguma boiada
Fazendo a dura jornada
Na sua lida de peão
Pra alegrar seu coração
Golpeia um trago de cana
Se esquivando da picana
Que se chama solidão
E as vezes quando retoça
No furor do arrasta pé
Sapatiando um chamamé
e se forma o alvoroço
Sai no meio do retoço
Dando a amostra do pano
Mostrando que é veterano
Num facão cabo de osso
Mas também numa carpeta
O gaúcho é bem monarca
Conhece senhas e marcas
De qualquer jogo de azar
E se acaso alguém gritar
Agora é envido e truco
Diz falta envido maluco
E o retruco pra variar
É fã de uma cachaçada
Rinha de galo e carreira
Tem tudo por brincadeira
Por ser simples e sem luxo
Mas sempre agüenta o repuxo
Quando estoura uma peleia
Pois nunca vai ter maneia
Quem tem sangue de gaúcho
O gaúcho também é
Amoroso e conquistador
E quando da o seu amor
A noite fica pequena
As águas ficam serenas
E mais belo fica o luar
Para o gaúcho cavalgar
No corpo de uma morena
Nunca se prende por nada
Por ser da raça bagual
Anda solto e sem buçal
Retoçando no rincão
Cuidando o seu coração
Pra prenda não por maneia
E nem com tormenta feia
Se recosta pra um galpão
E então o gaúcho mostra
Que é repentista e monarca
Na rima de uma marca
Que faz de improvisação
Onde dedilhando o violão
Que ri conversa e chora
Despreende ondas sonoras
Que ecoam pelo galpão
Por ser gaudério e andejo
Não tem paradeiro certo
Sua cama é o campo aberto
E a sua casa é o rincão
E honrando a tradição
Deste rio grande altaneiro
Tem churrasco, meus parceiros
Boa prosa e chimarrão