ASSIM É O GAUCHO

Quando o gaúcho se encontra

Tocando alguma boiada

Fazendo a dura jornada

Na sua lida de peão

Pra alegrar seu coração

Golpeia um trago de cana

Se esquivando da picana

Que se chama solidão

E as vezes quando retoça

No furor do arrasta pé

Sapatiando um chamamé

e se forma o alvoroço

Sai no meio do retoço

Dando a amostra do pano

Mostrando que é veterano

Num facão cabo de osso

Mas também numa carpeta

O gaúcho é bem monarca

Conhece senhas e marcas

De qualquer jogo de azar

E se acaso alguém gritar

Agora é envido e truco

Diz falta envido maluco

E o retruco pra variar

É fã de uma cachaçada

Rinha de galo e carreira

Tem tudo por brincadeira

Por ser simples e sem luxo

Mas sempre agüenta o repuxo

Quando estoura uma peleia

Pois nunca vai ter maneia

Quem tem sangue de gaúcho

O gaúcho também é

Amoroso e conquistador

E quando da o seu amor

A noite fica pequena

As águas ficam serenas

E mais belo fica o luar

Para o gaúcho cavalgar

No corpo de uma morena

Nunca se prende por nada

Por ser da raça bagual

Anda solto e sem buçal

Retoçando no rincão

Cuidando o seu coração

Pra prenda não por maneia

E nem com tormenta feia

Se recosta pra um galpão

E então o gaúcho mostra

Que é repentista e monarca

Na rima de uma marca

Que faz de improvisação

Onde dedilhando o violão

Que ri conversa e chora

Despreende ondas sonoras

Que ecoam pelo galpão

Por ser gaudério e andejo

Não tem paradeiro certo

Sua cama é o campo aberto

E a sua casa é o rincão

E honrando a tradição

Deste rio grande altaneiro

Tem churrasco, meus parceiros

Boa prosa e chimarrão

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 29/06/2012
Código do texto: T3751525
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