METAMORFOSE DE UMA "ESQUERDISTA"

Surpreso, atônito, estupefato

Vislumbrei num entrelinhas o fato

Da impensabilíssima adesão

Ao capitalismo dantes esconjurado

E ora entusiasticamente abraçado.

Transição natural ou mera cooptação?

Por burguesas delícias capturada:

Salarial remuneração multiplicada;

Do vegetarianismo, uma abdicante;

Tintos secos reverentemente sorvidos;

Sushis prazerosamente consumidos.

Proferes: Origens sertanejas? ESTOU DISTANTE!

Prolatas: preservo meu poetar,

DO ESQUERDISMO DISCURSIVO não vou abdicar.

Caminhadas ecológicas? Doravante hão de jazer...

Calor e insolação? Qualquer exercício temerário

Aprisionarei num indevassável claviculário.

A bandeira que hoje empunho é a do MEU prazer.

Da Caatinga à Cajuína

Segues sendo igual menina.

Mas ao aparato estatal vinculada.

Emergindo dos becos e do escuro

Ternurando em sonhos de mais-valia o futuro

De patricinha nem um pouco disfarçada.

Sei que o vestuário massificado

Cedeu espaço a estilo personalizado.

Quem te escreve é assíduo e entusiasta leitor

De versos teus com rima e não rimados

E intuitivo sabedor

De teus caminhares metamorfoseados.

Alfredo Duarte de Alencar
Enviado por Alfredo Duarte de Alencar em 23/06/2012
Reeditado em 19/04/2017
Código do texto: T3740697
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