ENCASTIÇADO COM GRALHA

Quando me da na "veneta"

Não existe o que eu não faça

Se agarrar um tigre a unha

Eu deixo só a carcaça

Se pegar um lobisomem

Mastigo que nem chiclete

E se surgir um dinossauro

Eu coreio de canivete

Arranco o couro do diabo

No verão ou no inverno

E boto secar na porta

Da fornalha do inferno

Depois do couro do bicho

Tranço os arreios do avesso

E ate a china mais feia

Pra um "catre" não desmereço

Me "encastiçei" com as gralhas

Pra andar fazendo barulho

E mar pra mim è banheira

Que cruzo só num mergulho

Sou cruzado com cascavel

E "ventena" de grande porte

Jorrando das minhas rimas

Versos com veneno forte

Não tenho medo da morte

Pois minha alma é imortal

Só tenho medo de errar

Com Deus, o pai celestial

Da boitatá como a carne

E da gracha faço "torresmo"

Não creio no tal destino

Quem faz ele, sou eu mesmo

Se tem "bailanta" no inferno

Eu vou pra lá fazer festa

E se a "diabada" se agita

Eu acabo com a seresta

Arranco rabo, a facão

E quebro chifre, a mangaço

E "pitoqueio" o diabo véio

Com minha adaga de aço

E pra sossegar meu "pito"

E a calmaria ser plena

Só quando encostar o "toso"

No peito de uma morena

Olhando a água serena

Que passa mansa e se vai

E sentindo a brisa suave

Que vem do rio Uruguai

Silvestre Araujo
Enviado por Silvestre Araujo em 22/05/2012
Código do texto: T3682367
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.