PAJADA DO MOTOCICLISTA

Com licença meu povo,

Para soltar o meu verso

Humildemente aqui peço

Em nome dos motociclistas

As bênçãos da Mãe Santíssima

E do Patrão Celestial

Afastem de nós todo o mal

E nas jornadas incertas

Nos mantenha sempre alerta

Guiando nosso rodar

E já agradeço por nos dar

Essa grande felicidade

Que é viajar em liberdade

Por este mundo afora

Duas rodas no chão

E a moto firme nas mãos

Não quero me prolongar

Mas lhes convido a pensar

Dizendo logo de início

Andar de moto é um vício

Que nunca quero largar

E se escrevo estas palavras

É no intuito de homenagear

Pois tendo ou não tendo brasão

Motociclista jamais esconde a mão

Quando alguém lhe pede ajuda

Não há desconhecido que não acuda

Basta lhe dar um berro

Apenas por ser um igual

Que compartilha a mesma sorte bagual

De andar no mundo enforquilhado

Em cima de um cavalo de ferro

Nas voltas da pilotagem

Na garupa a prenda amada

Não importa marca ou cilindrada

O que importa é a viagem

E apenas um horizonte basta

Para um motociclista ser feliz

Pois tudo que sempre quis

É rodar por aí teatino

Sem horário, sem destino

E se me sentir necessitado

Desse mundo ficar apartado

Boleio a perna sobre a garupa

E me lanço num upa

Os olhos mirando em frente

Pra trás fica só a borracha

Pintando o asfalto quente

Nessa sublime mistura

Liberdade na forma mais pura

Uns goles de cachaça

Uns litros de gasolina

O vento abanando as crinas

Só se deixo!! alguém me acha.

Pelas coxilhas sigo a voar

A meio metro do chão

Com a moto firme na mão

Cento e pico por hora

O rumo não posso perder

Deus me livre de cair ou bater

Tenho filhas para cuidar

Por isso rezo à divindade,

Não as vá deixar na orfandade

Me cuide até todas encaminhar

E digo, todo motociclista

Deve ter na prudência sua sorte

Um tombo pode levar a morte

E para evitar os lamentos

Devemos ficar atentos

Mantendo cuidado constante

Pois sempre há o instante

Onde o perigo se acampa

Em algum buraco perdido

Pelas estradas do pampa

Triste ver um irmão que parte

Por isso cautela não nos falte

E possamos com alegria

Apearmos da moto sãos

Para tomar um chimarrão

Ao chegar no final do dia

Chegando pros finalmentes

Vou encurtando o relato

Dizendo que fato é fato

Sem querer, da verdade ser dono

Mas, em cima da minha moto

Sou um rei no seu trono

O ronco parece um vulcão

Agitado em ebulição

Faz meu coração bater mais

É a música que contagia

Mais que isso, é sinfonia

Se não entende, jamais terá ideia

Mas a minha veia gaudéria

Nesse ardente compasso

Sente relinchos, bater de cascos

Brotando dos cavalos do motor

E para encerrar meus versos

Uma última coisa eu peço,

A Deus Pai, Nosso Senhor,

Que possa reconhecer meu valor

Pois tento ser um bom motociclista

Com talento, fibra e coragem

Vivo para espalhar paz e camaradagem

E por fim me conceda um favor;

Quando a hora derradeira chegar

Do Senhor então me chamar

Para que eu vá aí para cima

Desbravar as estradas divinas

Que eu possa, ter por recompensa

Se assim merecer na final sentença

Este teu filho sonhador

Uma moto e o ronco de um motor...

Dante Trindade
Enviado por Dante Trindade em 13/03/2012
Reeditado em 01/11/2024
Código do texto: T3551567
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.