Cevadura (08-04-11)
 

Vivemos fugindo da morte
Se a vida aparentada
Pode ser forquilha
Dos soslaios de sanga
Da funda emborrachada
Aprendemos a ser fortes
Inevitável vaquejada
Minha mãe sede prima
E deste desgosto não surte
 
Para que despir
Aquilo que nos redime
Ó musa de todos os santos
Não nos faça ainda dormir
Ou o despertar da vida campeira
Legítima e traiçoeira
Faça-me puro de novo
 
Aquela cevadura de erva
Entrego a alma talvez
Quem de nós não desejaria
Um dia mirar esses prados
E todo o Rio Grande amado
Lá do alto, junto de Deus
E chorar com o mate pronto
Cada pitoco de campo
Que relembra nossos heróis
Ah, Bento, se tu ainda presidisses
A terrena perfídia
Que a nós foi imposta
Não desbravarias nem canha
Nem uniforme maragato
 
Lá de cima eu pediria
Um traquito de agua quente
E avivar-me as vistas
Da minha estância tranquila.
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