LAÇO O TEMPO
Jorge Linhaça
 
No lombo do meu pingo,
sobre as coxilhas e montes,
o tempo perdido persigo...
o sol se põe no horizonte.
 
O meu laço, guasqueado,
trançado de couro, estiloso,
tenta laçar o passado,
o tempo, redomão mais sestroso.
 
Quase me quebra o espinhaço,
tantos pealos eu já dei...
no meu peito mil guascaços
das coisas que vi e passei...
 
Mas o tempo não aceita arreio,
e qual o minuano, corre idomável...
E, se, de meu flete eu não apeio,
é pura tonteria ou coragem.
 
Prossigo pealando o tempo,
quem sabe se algum mistério,
trará de novo o alento
a este pobre coração gaudério.