OITO SEGUNDOS
Me abanco bem confortado
Pra viagem de tempo escasso
Confiando sempre no braço
Pra um saltar bem pacholento
Num regalo contra o vento
Sair de chapéu tapeado
Num tranquito debochado
Vou encerrar este intento
Oito segundos somente
É o tempo desta peleia
Mas para quem gineteia
Parece uma eternidade
Onde a dura realidade
De uma luta desigual
Do homem e do animal
É o medo contra a vaidade
Eternos oitos segundos,
Pouco tempo pra o domínio
Nem mesmo pro raciocínio
Sobre o perigo de morte
Envidado pela sorte
No embate desafiador
Aqui é onde o vencedor
Nem sempre é o mais forte
São curtos oito segundos
Pra um longo tempo de espera
Pra valentia do quera
Forjada em lida campeira
Tendo a espora garroneira
Como a fiel ferramenta
Se um pêlo duro inventa
De lhe atirar na poeira
Antes dos oito segundos
Quem segura segue um rito
Cordas e muitos gritos
Para depois te soltar
Corcoveando do chão pro ar
Vais me jogar para o espaço
Sem se importar com cansaço
Tentando me derrubar
Oito segundos é o tempo
Deste encontro que temos
Mas dele não sairemos
Vencedor nem derrotado
Seguirás livre e aporreado
E eu seguirei confiante
Que ao menos por um instante
Tive em teu lombo montado
Oito segundos de glória
Na dura vida de peão
Pra ficar longe do chão
E se esquecer do mundo
Mas com desejo profundo
De provar a sua fibra
Enquanto se equilibra
Por longos oito segundos
Ao cabo de oito segundos
Se ainda estiver montado
Vou me atirar para o lado
Num tranco de vencedor
Mas se disto capaz não for
E me tirares do lombo
Não será o ultimo tombo
Tenho a sina de domador