HISTÓRIA DO TRABALHO NO CAMPO
É a história lendária desta terra Sulina
forjada na garra da nação cisplatina,
contada em rimas que voltam no tempo
em que o índio tirava da terra o sustento.
O “Sete povos” nasceu da faina catequista.
Labuta premiada pela justa conquista
da terra que revelou Tiarayu, “seu dono”
na brava defesa do índio colono.
No braço do índio e no braço do negro
a força movia a Província de São Pedro.
Estâncias empresas e o patrão o gerente,
formavam o estilo de vida regente.
No lombo da mula o transporte surgiu
e o trabalho tropeiro com ele seguiu
semeando cidades ao longo da serra,
levando e trazendo progresso pra terra
O gado pastando na verde imensidão,
gerando a lida e o ofício de peão.
A roda da carreta riscando a pampa
escreveu a história desta terra santa
A riqueza gaúcha na carne salgada
gerava empregos nas grandes charqueadas.
Vilarejos viraram cidades povoadas
e o campo rasgado por bretes e estradas.
Um dia enxadas passaram a ser lanças.
Mãos femininas assumiram estâncias.
Era a luta armada travada em coxilhas
em longos dez anos do embate farroupilha.
Poncho Verde mostrou a luz da coerência
de um povo que quer a paz na querência,
mantendo a fibra, coragem e luta
retomando o progresso através da labuta.
Acompanhando também esta trajetória,
lado a lado ao homem fazendo história,
a mulher estancieira e a mulher rural
desempenharam um trabalho fundamental.
Ficou nas estâncias o trabalho braçal
do peão laçador e domador de bagual.
Esquila, rodeios e trabalho campeiro.
Rebanhos conduzidos pelos tropeiros.
A inovação chegou até as zonas rurais,
ordenha e esquila deixaram de ser manuais.
A tropa embarcada na estrada de chão.
E o “novo” tropeiro conduz caminhão.
A evolução urbana teve no campo a porfia,
mudando o trabalho com tecnologia,
exigindo dos peões maior aprendizado
Tropeando sementes no lugar do gado.
Temperados nesta fibra o povo cresceu.
Pra os trabalhadores de hoje a história escreveu,
entre tantos nobres gaúchos, um presidente,
fez da Lei Trabalhista o “sol nascente”.