o outro lado da história



ainda ouço o berro dos canhões
tenebrosos igual trovões
pelas savanas sulinas
em defesa de nossa terra
mães perdendo filhos pra guerra
que tingiam de sangue as cochilhas

ainda ouço as espadas no ar
lanceiros negros a pelear
ungido de promessas vãs
morrendo ao lado de seus corcéis
pela estupidez dos coronéis
que apagavam o por do sol das manhãs

ainda ouço o quero quero gritando
e o urubu sobrevoando
as tristes carniças humanas
inimigos a caminho da degola
intercalados ao som da viola
dos algozes de mente insana

ainda ouço o grito desesperado
da prenda esperando o namorado
sendo estuprada por um tipo qualquer
no próprio catre do lar
e vendo tudo naufragar
principalmente o seu sonho de mulher

ainda ouço o tenente que perde a calma
e mata o fazendeiro sem alma
que luta pela riqueza
e por medalhas de nobre
escraviza o negro pobre
piza e esmaga a pobreza

ainda ouço o hino rio grandense
mas meu amigo não pense
que esses caras de alma nobre
que têm orguho profundo
não querem ser donos do mundo
as custas da vida dos pobres

desde piazito eu me alembro
foi num 20 de setembro
de baixo do céu azul
seja lá de que data seja
vamos tomar cerveja
e viva o rio grande do sul

esacrito as 11:35 hrs., de 20/09/2011 por
vainer ávila
NELSON RICARDO
Enviado por NELSON RICARDO em 20/09/2011
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