brasas do fogo de chão



já fui gaúcho aporreado
de tomar banho pelado
nas restingas do meu pago
isso de segunda à sexta
enfrentá bolicheiro besta
que não queria me vender fiado

então eu sacava meu trinta e oito
e aí não era biscoito
porque eu lascava de bala
assim de arrepiar o cabelo
canha, fumo e caramelo
eu sempre levava na mala

era mala de pano riscado
ajeitava bem caprichado
por de baixo do pelegão
sempre fui boenacho e solto
e no baile do chico torto
o mais afamado do rincão

dançava sem fazer desfeitas
o trovador gildo de freitas
que adorava uma cantiga
homem de muito cultura
sempre me dava cobertura
quando eu me metia em briga

nunca perdi carreira
em cancha reta de poeira
la no apolonio sasso
peleava sem fazer tropel
e na barraca de pastel
amenizava o meu cansaço

com a filha da tia candoca
aquela flor de chinoca
que sempre que ela me olhasse
eu já não estava sozinho
ela distribuia carinhos
ao primeiro que chegasse

agora chega de patacuada
nessa manhã ensolarada
eu encho meu chimarrão
e essa estória se desfaz
ascendo o cachimbo da paz
nas brasas do fogo de chão!

escrito as 08:18 hrs., de 17/09/2011 por
vainer ávila
NELSON RICARDO
Enviado por NELSON RICARDO em 17/09/2011
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