Recuerdos de um maneador




Estou abrindo a página do computador
E engraxando aquele maneador
Que se usava nos campos missioneiros
Pra se manear um animal aporreado
São recuerdos dentro de um baú guardado
E lá já se vão mais de cinqüenta janeiros

Aquelas caçadas de tatu
Mangueiras de guatambu
Residências de chão batido
Corujas na volta de um corredor
Descia o parau um domador
Corcoviando que só se ouvia o gemido

E lá vem descendo a balsa
Naquele bailado de valsa
Enormes pranchões de pinho
O rio Uruguai fazia carranca
Com as suas águas baixando
E eu piazito ali observando
Sentado em cima da barranca

Vou encher meu chimarrão
E abrir meu coração
Porque ele tem portas largas
A nação chora de desgosto
Dia vinte e quatro de agosto
Se matou Getulio Vargas

Foi La em cinqüenta e oito
Eu era um peãozinho afoito
Com os meus oito aninhos
Não entendia bulufas de política
Mas entendia da filha da sia chica
Que era uma manancial de carinho

Agora o dia já amanheceu
Tanta coisas se assucedeu
De um passado primitivo
Pensando com os botões meus
Obrigado meu Deus
Por eu ainda estar vivo
Forte e são de lombo
Que não arrepio pra o tombo

Quando caio me levanto
E visto de novo o meu manto
O pala de ceda gaúcho
E pulo em pelo a cavalo
E me vou pra mais um pealo
Pois sempre agüento o repuxo

Não tem nada nem que tenha
Cavaco também é lenha
Está deitada na nossa cama
Tenho dela amor profundo
A mulher mais linda do mundo
E que me quer porque me ama

E por aqui vou encerrando
Mais um mate tomando
São recuerdos de um pealador
Ou faz frio ou sol que racha
Vou passar mais uma graxa
E e enrudilhar meu maneador!

Escrito as 07:29 hrs., de 24/08/2011 por
Vainer Ávila

NELSON RICARDO
Enviado por NELSON RICARDO em 24/08/2011
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