Homonímia

Quero o acordo entre o realismo e o naturalismo,

Pois sempre acordo na ilusão de entendê-los.

Não sou poeta de arrepiar os cabelos,

Mas sou romântico em meu eterno eufemismo.

A dúvida me esmaga o peito,

Na áurea machadiana me resvala

À dor que deveras, não tem jeito

Da palavra que aqui dentro não se cala.

Quero viver sem a dor de perder o encanto,

Das cantigas de criança

Que em cada passo da vida alimenta a esperança,

Que nos braços da dindinha se traduz em acalanto.

Que triste fim ficar preso nesta cela,

De perder o amanhecer, cavalgando na paz

De uma sela de vime com acabamento florentino,

Mas sei que enfim a mais bela

No crepúsculo a embalar com um cálice de vinho,

Um beijo terno toca em meus lábios com carinho.

Me deixa em paz com os meus demônios,

Não quero ser este triste pecador,

Na ausência do amor me embriagar em homônimos,

Que perfeitos ou não nos inebriam em dor.

Lucas de Arcanjo
Enviado por Lucas de Arcanjo em 28/07/2011
Código do texto: T3124118