Verbo

Da carne se fez verbo e este habita em mim,

do sofrimento do homem o nascimento do sim.

O não deverás morto no colo da rejeição,

do negro e filho de índio só dor e humilhação.

Lá fora todos se riem de nosso amargo destino,

aqui na margem do rio oligarquias grotescas,

em nosso corpo franzino, em taça de vinho fino.

De Minas é que se faz mais votos,

de cada filho a vencer.

Dos coronéis aos seus postos,

o cabresto é o que faz valer.

Vai pomba branca da paz,

voar por sobre a cidade,

quantas vergonhas nos traz

o apogeu da maldade.

Foi lá pros tantos de Minas,Não sei se São Paulo ou se foi no Rio,

surgiram três cafeeiros, querendo ser mandador,

mas como leite faltava, foi ele nosso Senhor.

Mas lá de baixo gritavam os donos de todo frio.

Nos idos de novos trinta, depois da jovem Malfatti,

o medo de vinte nove, a crise de identidade,

no solo de toda pátria corria sangue vermelho,

no conto de um nazista era aqui seu espelho.

Pobre podia falar, contanto que não reclamasse.

Contava Euclides da Cunha, no ventre das multidões.

Na igreja faziam à santa quermesse,

na vida dos homens sertões.

Lucas de Arcanjo
Enviado por Lucas de Arcanjo em 25/07/2011
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