Ode ao ermo do parvo menino

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Aqui enfim, cresceu a mais agridoce seiva dos campos

Exilada das terras inférteis do ventre pélvico das tormentas

Que sedenta de calor, sucumbiu impávida aos fornidos

De restos humanos, capazes de esvanecer os dias mais ementes

Como dores de parto, insuportáveis aos olhos castos,

Ali presentes aos escrachos prazeres da inspiração renega;

Mas quão suave ermo lhe afaga as lacrimações em cantos

Silenciosos e pertinentes, em dores que o sorver da pele rasga

Naquela taça ainda quente de veneno doce, corrente dos lábios

Mais antepostos aos daquela visão, ainda efêmera de desejos;

Mas ali se inventou os versos indesejados, a cólera tardia,

E a mais bela quimera tua, gélida no campo da manhã mais fria.

II

E no epíteto calor das vestes que ante-selam às noites arejadas,

O seio da terra rega-o pelo orvalho caído das férteis madressilvas,

Possuindo a escuridão e devolvendo à alma o sossego de minuto.

Atrelam-se aos cativos amores teus, oriundos e roseirais apáticos:

O mais absoluto silêncio entorna-se ao teu ermo no mais belo canto

Que esvaece calado nos crassos prazeres de tua carne, os loucos

Adormecidos às entranhas ganidas de teu asco eloquente,

Nas grades de adelos frios e corroídos pelo homem que o veste.

Ah, o escarro das mais inumadas dores são as dos teus olhos tácitos

Cheios de inspiração e de cadáveres teus, nos campos, amontoados...

E no desvelar das manhãs, vêem-se teus sóbrios engoles nas vinhas

Que entornando bêbados, é inspiração, condenação e jubilo as andorinhas.

III

E por mais um cintilo de azul-inebriado do céu, colher-se-ia,

Mesmo que ainda frias as pétalas de tua alvorada dissecante,

Entornaria cada verso teu sobre o céu e devorar-se-ia, lentamente...

Arquejaria em tua morte, inevitavelmente, e pétalas sopraria,

Longe, ao longe, longe de ti; e repousaria tua alma no dorso da lua:

Lá entoaria canções em teus versos, mais delicadamente debruados;

Sondaria teu âmago, ternaria a demente carência tua,

Assombraria teus demônios inquietos sobre teus amores criados

E afeitaria o sono de tuas frágeis palavras esvaídas, em versados.

IV

Quanto à morte, embreada em tuas cativas inquietações,

O silêncio de vida nos vales, ainda que erroneamente a absteve;

E como hifenizados, os teus parvos consolos caíram em canções

Junto ao teu veemente buscar da inspiração que a alma ateve.

Fria tua comunhão: já enlouquecido nas enveredas covas de teu corpo

Porem mais torenas que o escravo que devora teus leões nas masmorras,

Sentiu um torpor ferido junto ao cadáver daquela viúva no campo,

Pálida sob o ímpeto esmorecer dos teus gemidos que o devoras,

Onde o sentido teu põe-se como o sol entre as veredas de tuas mãos

E a poesia nasce em doença, assim como colher-se e desvanecer-se em grãos.

Luan Santana
Enviado por Luan Santana em 24/07/2011
Código do texto: T3116551
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