SAUDADE DE GAÚCHO
Não é por acaso a forma de grande coração
deste Rio Grande do Sul ser a identidade.
Longe destas fronteiras a saudade matadeira
peala o gaúcho e vai encurtando a laçada
com o sentimento a lhe dizer: pega a estrada,
volta depressa, já... e de qualquer maneira.
Estar fora certo tempo de sua querência,
até em paraíso ele sofre as consequências.
É como estou agora neste momento exato,
em Aracaju, nesta Orla sergipana e constato,
que o Patrão a seu capricho um dia a pincelou
e a tecnologia do homem a complementou.
É só chegar e topa-se com gente hospitaleira,
um céu muito azul, uma brisa, vento maneiro.
Um mar aberto de ondas tal como o Cassino,
mesma cor, debrum de brancuras espumantes,
desfazendo-se numa areia tão igual e conhecida,
parece que estou em casa, na minha praia preferida.
Mas, optando andar somente pela avenida
de uma infra-estrutura de dar uma sã inveja,
onde há o lazer em várias formas e maneiras
entre arborização e jardinagem de primeira
encontra-se a vida rolando, rostos aos milhares,
os transeuntes felizes até me parecem familiares.
Há muito som e o forró vai marcando
a alegria de quem quiser temperar a vida.
O artesanato, a água de coco, os restaurantes
ao longo da larga avenida são mutantes.
Há de tudo: o típico, o simples, o elegante.
Além do caranguejo, há todo tipo de comida.
O tiro de laço da saudade já apertou a laçada
e lá vou eu, deixando aqui a promessa de volta.
Meu encontro com o frio já tem hora marcada.
Levo na lembrança beleza tanta aqui vivenciada.
Vou destrocar o canudinho e o coco geladão
pela bomba e a cuia de meu quente chimarrão!