O AMARGO DA ESPERA
Eu te esperei ...
Muito esperei ...
Passado o tempo, peguei a cuia.
Cevei um mate ...
Chiou a água, então mateei.
-Lavou a erva,
sendo parceiros daquela espera
somente o amargo e a solidão.
Um joão de barro, defronte ao rancho
pôs alaridas no meu silêncio.
Bateu asas rumo a sua casa
para encontrar sua Maria.
Ele não sabia, por certo, creio
que nem o ronco de mais um mate
me despertava do meu devaneio.
Mas eu silente a te esperar ...
E como um sonho tu chegarias
tão sorridente, feliz e bela
para pintar tua formosura
naquela moldura vazia e fria
da minha janela...
-que a claridade mostrava o dia
sem ter teu rosto exposto nela.
Esperei... Muito esperei...
Mateei silêncios e amarguras...
-Um bem-te-vi da laranjeira
gorgeou bem alto.
-Entristeci...
Tão só.
Um quero-quero, guardião de sonhos
calou por mim.
Ele entendeu que eu mais queria
gritar ao mundo o seu cantar...
-Eu quero. Quero as carícias do teu amor,
mas sou covarde para gritar.
(Gravado no CD Pajadas e Poesias)