O AMARGO DA ESPERA

Eu te esperei ...

Muito esperei ...

Passado o tempo, peguei a cuia.

Cevei um mate ...

Chiou a água, então mateei.

-Lavou a erva,

sendo parceiros daquela espera

somente o amargo e a solidão.

Um joão de barro, defronte ao rancho

pôs alaridas no meu silêncio.

Bateu asas rumo a sua casa

para encontrar sua Maria.

Ele não sabia, por certo, creio

que nem o ronco de mais um mate

me despertava do meu devaneio.

Mas eu silente a te esperar ...

E como um sonho tu chegarias

tão sorridente, feliz e bela

para pintar tua formosura

naquela moldura vazia e fria

da minha janela...

-que a claridade mostrava o dia

sem ter teu rosto exposto nela.

Esperei... Muito esperei...

Mateei silêncios e amarguras...

-Um bem-te-vi da laranjeira

gorgeou bem alto.

-Entristeci...

Tão só.

Um quero-quero, guardião de sonhos

calou por mim.

Ele entendeu que eu mais queria

gritar ao mundo o seu cantar...

-Eu quero. Quero as carícias do teu amor,

mas sou covarde para gritar.

(Gravado no CD Pajadas e Poesias)

PAULO DE FREITAS MENDONÇA
Enviado por PAULO DE FREITAS MENDONÇA em 19/05/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T2980079