A POESIA SEM RAZÃO
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Há a prosa que se posta em vertical,
Pra dizer que é poesia original.
E, se isso ainda pareça coisa pouca,
Apresenta, metafórica e louca,
Logorréia sem sentido e anormal.
Se o poeta que, por falta de leitor,
Tem que ter muito cuidado no compor,
Para, ao menos, esperar ser entendido,
Os garranchos do poeta presumido
Configuram, quando muito, negro humor
Da carroça empurrada pelo burro
Que não fala, mas transmite pelo zurro
Sua inteira e razoável indignação
Pela hilária inversão de posição
Que, no entanto, pro autor, é um bamburro.
E o poetaço, enganado na ilusão,
Permanece na estúpida noção
Que a emoção de um poema está na mente,
Apesar de a razão clamar, veemente,
Que o destino de um poema é o coração.