Poema sem som

Há muito tempo não escrevo um poema,

Talvez por não mais entender de rimas;

Não saio pra festas, nem vou ao cinema,

Nem vou aos encontros com quem me estima;

Releio o que escrevo com antipatia,

Revejo meus quadros de cores cinzentas,

Martelo meus dedos três vezes por dia,

Tal qual um remédio, de cura tão lenta;

Meu sexto sentido, nem chega ao terceiro,

Só falo baixinho em meio ao berreiro,

E durmo sentado, quando durmo bem,

No trem do metrô ou qualquer outro trem;

Mas, fico feliz ao abrir o recanto,

E lendo os poemas retorno ao encanto!