Cavalo de Carreira
equeno, de força nas pernas,
E puro, não de sangue, mais de alma
Um cavalo atrevido nas canchas retas.
Com coração e alma de guerreiro,
Na cancha reta um a um ia passando,
Cansado, banhado em suor, mas bufando,
Pois reconhecia o valor do entreveiro !
Só podia ta falando de tu meu cavalo de carreira,
Que nunca numa carreira me decepcionaste.
Foste o mais sincero amigo que tive,
Pois contigo não tinha aposta perdida...
Contigo tudo dava certo,
Não interessava o desafiante,
Pois cavalo e peão eram confiante,
E toda a distancia era perto !
Até riam quando viam que tu não eras um puro sangue
Era cambixo, baixo, pangaré e selvagem.
Respingando na serragem,
O suor do teu peito descoberto,
Pedindo licença em campo aberto,
Esquecendo o cansaço e os frangalhos.
Parecia que já conhecia os atalhos
Da cancha para o destino já certo!
Deus te deu , como ao gaúcho
Que enquanto a peleia dura jamais sossega o facho,
Essa altivez de índio macho
Para honrar o destino de quem foi criado guacho:
E a diferença que agora sinto
Pois passemos juntos pelo bem e pelo mal!
Sempre com o mesmo ideal
De quem corria só por instinto!
Por isso agora que te findas,
Queria eu poder findar junto,
Não guento te ver quase defunto.
Com ar de cansado, desanimado e cego,
Mas com a crença de quem diz Não me entrego:
Sou Zaino, chucro, sofro mas não grito
Se essa é a reserva do destino maldito
Eu encaro, brigo, mas aceito o destino que carrego!
Queria ver-te morrer correndo,
E não cego, esperando o desfecho do destino cruel.
Sabendo que a próxima carreira serás la na cancha do ceu.
Onde São Pedro serás teu peão.
E te ostentará como já fiz no passado,
Por que tu vais ... eu não sei,
Mas se pudesse escolher,
Queria poder ir no teu costado?
Porque na carreira da vida
Eu me contentaria com um empate!
Me desprovia do ultimo arremate..
Nem que fosse cansado, desprovido e torto,
Mas só o que me resta é o conforto,
E a lembrança Traiçoeira,
De que pra tu perderes um carreira,
Somente depois...de morto!