ETERNIDADE
o vento sobrava frio e cáusticante naquela madrugada,
enrijecendo músculos e mentes ao desabrigo,
o gaúcho trotava seu , absorto em pensamentos...
Homem e animal sentiam o rigor do tempo enfurecido.
Ao longe, na planura, descortinava-se como por encanto,
aquela bela imagem da prenda que amára,
perturbando a tranquilidade do gaúdério solitário
que não conseguia distinguir solidão de realidade...
Sua visão turvada pelo frio do minuano que constante,
mostrava ao longe, na planura esbranquiçada, sedimentos,
daquela imagem de bela formosura, sua amada,
que lhe atingia como uma brasa o âmago dos sentimentos.
Via naquele momento dúbio de incerteza materializar-se
a mais bela prenda que conhecera, flor daqueles pagos,
e que se foi para o infinito numa noite fria, para outro plano,
deixando a dor da saudade no coração do peão amado...
E num suspiro de amor, de saudade, desespero e lealdade,
permitiu-se, num atropelo, despencar no desfiladeiro,
fazendo com que juntos, homem e cavalo,
seguissem com ela naquele momento, para a eternidade...
GAUCHO DINIZ