PASTEL AMARGO




EU LEVANTEI DE MADRUGADA
TINHA QUE POR OS CASCOS NA ESTRADA
NUMA ÉGUA CORREDEIRA
AFAMADA NO RINCÃO
DESPOIS DO CHIMARRÃO
PEGUEI O RUMO DAS CARREIRA

ENTREI NA ÉGUA BAIA
E FUI DIREITO PRA RAIA
E GRITEI SESSENTA POR NADA
SÓ ESCUTARAM O TINIDO
GANHEI DE REBENQUE ERGUIDO
E AINDA DE COLA ATADA

DESTAPEI A GUAMPA DE CANHA
E FUI CHEGANDO NA MANHÃ
NO TRANQUITO SEM TROPEL
DEPOIS DE TER GANHO A CARREIRA
FUI NAMORAR UMA PASTELEIRA
NUMA BARRACA DE PASTEL

O MARIDO DELA NÃO GOSTOU
E O TRINTA E OITO PUXOU
E FOI ME CASCANDO DE BALA
QUE ATÉ ME AMARGAVA O FEL
COMPREI MAIS UM PASTEL
ENQUANTO ELE ME FURAVA O PALA

GRITEI PRA ELE NÃO TE METE
E SAQUEI MEU CANIVETE
COM A DESTREZA DE UM POTRO
CASCAVEL QUE SERPENTEIA
DEGOLEI DE OREIA A OREIA
NUM TAIO DE UM LADO A OUTRO

DEI DE MÃO NA CHINA
E VAREI PRA ARGENTINA
PRA ME LIVRAR DO AÇOITE
A CHINA ME DÁ BEIJINHO
E ME TAPA DE CARINHO
TODO DIA E TODA NOITE.

ESCRITO AS 11:32 HRS., DE 30/11/2010 POR
VAINER OLIVEIRA DE ÁVILA
Vainer de AVILA
Enviado por Vainer de AVILA em 30/11/2010
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