Um tento da minha vida!
Querendo ser quem eu sou;
Sentindo ser o que sou;
Sabendo tudo o que sei!
Sorvendo a seiva da vida;
Cevando o verde da esperança;
Cultuando o Pampa desde piá!
Gineteando no lombo do tempo;
Maneando a tristeza e deixando pra lá;
Aprendendo na lida a cultivar!
Escutando os mais velhos;
Ajudando no que dá;
Sempre fui assim, desde piá!
Meu avô, em prosa, verso e viola;
Meu mestre de Terno de Reis;
Meu amigo, meu pai e meu irmão!
Me criei lá fora, perto donde mora o Bugio;
Saindo a caçar tatu, com o cusco de sobreaviso;
Voltando de madrugada, tapado de pega-pega!
No dia seguinte, tudo é diversão;
Minha avó ferve a caça, prepara de coração;
Comer farofa de tatu e contar o fato ao irmão!
De manhã cedo ir na escola;
Voltar com fome pra casa;
Cortar lenha pra fazer brasa!
Minha tia que muito me ensina, me passava a lição;
Aproveitava o que eu não sabia, pra já tinha a explicação;
Muitas noites mal dormidas, reside em meu coração!
Se volto um pouco no tempo, de quando era piá;
Só lembro de coisas boas, um lugar bom pra morar;
Só sinto passar o tempo, não podendo voltar pra lá!