Onze e vinte cinco da manhã
Nasci em momentos tais,
em que os astros
Estavam loucos,
E a terra na dinâmica
Arfava de cansaço
Era meio dia e minha
Mãe gritava seus ais
E assim vim ao mundo.
Sai de útero como
Espirro agoniado
Espalhando um sangue
Minado pela dor
Na vida eu assisti
As fases da lua
E o sol amarelo do deserto
As minas de pedras
Que não tive nas mãos.
Hoje sou um grito
De saudade
A vaidade de não ter
O que sou
Um guerreiro lutando
na terra do nunca
Um pedaço da vida
Umedecida de lagrimas,
E uma arvore envelhecendo
No sol do sertão.
Sou um dia de partida
Uma chuva de graniso
na véspera de Ano Novo
A fé de um novo amanha
A gratidao de estar viva
E ador da separação
Sou o sofrer de um animal
em extinção
E um dia que finda.